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Foto do escritorOlga Luis Rodrigues

SINTO-ME UM GRANDE FRACASSO


Quantas vezes já te sentiste um fracasso?

Sentes que nada está certo, que todo o percurso que percorreste até hoje foi uma perda de tempo.


Essa sensação percorre todo o teu corpo e deixa-te ansiosa e com medo. Esse medo não é real, mas a tua mente não entende isso. E ficas com a mente em turbilhão, as ideias sucedem-se em sequências absolutamente alucinantes. Não consegues parar os pensamentos e eles são divergentes, não tem uma sequência lógica.


E não sabes como parar isso!!!

A sensação de frustração toma conta do teu corpo e da tua mente, e toda tu "gritas" por libertação. Porque te sentes "enjaulada" dentro do teu corpo e da tua mente.


Tens dificuldade em dormir, e a mente não para.

Usas todos os artifícios que conheces para sair desse loop que quase te enlouquece, mas em vão.

Ligas a TV e desligas, tentas ler, ouvir música. Mas não consegues captar nada, ouvir nada, porque não consegues concentrar-te.


Durante toda a tua vida focaste-te em ajudar os outros e esqueceste de ti. E viveste a tua vida em função de todos os outros.


Durante a juventude não pensavas em casar. Querias ser independente e viver a tua vida livremente. Mas querias ser mãe. Isso sabias que querias com todas as tuas forças.

Mas as crenças que existiam dentro de ti falaram mais alto. E querias que a família tivesse orgulho de ti. E quando no meio de um grupo conheceste alguém que a tua família achou que era o homem ideal para ti, tu aceitaste!


Na tua infância e juventude sofreste com os conflitos constantes entre os teus pais, e foste forte para conseguir ultrapassar o medo. O medo de que o teu pai magoasse mais a tua mãe e a perdesses.


E não querias de modo nenhum passar por isso na tua vida de adulta. Irias fazer tudo de forma diferente e a tua vida não ia ser sofrimento e medo!

A tua vida iria ser risonha e cheia de sol. E tentaste, tentaste que fosse assim.

Mas não foi!


Acabaste por casar com ele e começar uma vida a dois. Mesmo sabendo que não eram compatíveis em vários aspetos. E foste levando como podias....tentaste ser feliz com ele.


Foste Mãe e essa foi a felicidade suprema, aquilo que sempre sonhaste. Mas os filhos não são solução quando o casamento está fadado ao fracasso.

Sendo os dois muito diferentes, e para que pudessem ter um relacionamento livre de discussões, ela tentou moldar-se a imagem que ele e a família dele queriam para a mulher dele. Claro que isso não deu certo!!!!

Ela estava a ir contra a sua natureza, contra si própria. E como consequência ela engordou muito e a autoestima foi caindo a pique.

Quando se olhava ao espelho nem se reconhecia. Já não era aquela mulher alegre e bem disposta que sempre foi. Parecia uma sombra obscura do seu verdadeiro ser. E isso transformou-a lentamente numa mulher amarga, ansiosa e deprimida.

As diferenças irreconciliáveis afastaram-na cada vez mais dele e estava completamente infeliz.

E todos os dias se perguntava o que podia fazer para sair daquela situação. Ela gostava dele, mas não conseguia continuar a ser a pessoa que ele queria e precisava.



E por isso mudou. Mostrou a verdadeira pessoa, a mulher real. E essa metamorfose de lagarta para borboleta aconteceu...e finalmente ela tinha-se livrado das amarras que a continham na sua infelicidade. E estava feliz!! Tudo tinha mudado, até no outro trabalho notavam que parecia outra pessoa.


Mas o seu casamento já não lhe parecia a coisa certa. O casamento era uma farsa interna, com duas pessoas desconetadas.

Mas ele recusava-se a ver.....a ver que ela tinha mudado. Recusava-se a perceber que as diferenças eram o motivo daquela mudança. Que ela não mais seria a mulher que ele queria que ela fosse.


Ela começou a passar menos tempo em casa e a afastar-se. E ele não aceitou. E as brigas começaram, as discussões eram constantes. E quanto mais isso acontecia, mais ela se afastava.


Até que ela decidiu pedir o divórcio. E claro que ele não aceitou!!!! E o inferno parecia ter descido no lar deles. Como era difícil continuar a ir para casa no final do trabalho. Ela só queria desaparecer...os filhos eram o único motivo para voltar para casa.


Mas as discussões continuavam e as crianças já se apercebiam que os pais não estavam bem. Ela pegava nas crianças e tentava passar tempo de qualidade em casa da familia e dos amigos. E ele também não aceitava isso, queria que ela estivesse em casa.

Mas ela não conseguia, era um sofrimento constante.


E ele frustrado por não conseguir que ela voltasse a ser a mulher de antes começou a ser violento. Ela não o culpava por ele reagir daquela forma, mas não conseguia continuar aquele casamento. As agressões eram cada dia mais frequentes e ela teve de tomar uma decisão drástica. Pensar e arranjar uma forma para ele ficar com nojo e raiva dela e finalmente aceitar o divorcio. E elaborou um plano. Com ajuda de amigos conseguiu o que queria. Que ele ficasse com raiva dela e quisesse ele mesmo o divórcio.




Foi uma época complicada para ela. Tanto a família dela como a dele se puseram contra ela, pois na família não haviam tido um divórcio de ambos os lados. E ela sentiu-se sozinha e sem apoio. Mas manteve-se firme naquela decisão e seguiu em frente.

De certa forma sentia-se triste por não ter conseguido que o seu casamento desse certo, era um fracasso na sua vida. E ela não gostava de fracassos, aliás isso era impensável para ela.

Desde criança sentiu que tinha de provar a família e a si mesma o seu valor.

Não se considerava uma mulher bonita, as irmãs era muito mais bonitas que ela, mas tinha um olhar brilhante e cheio de curiosidade e um sorriso que encantava qualquer pessoa.

E era inteligente. Na escola estudou sempre muito e era uma boa aluna.

Muito critica de si mesma, queria ser sempre a melhor.

E um casamento fracassado não era aquilo que queria para a a sua vida. Mas tinha acontecido e tinha de seguir em frente. E assim o fez, a duras penas.

Não foi um divórcio difícil, entraram em acordo em quase tudo para que o processo fosse rápido e sem grandes problemas.

No entanto, a fase pior viria depois de já estavam divorciados, por causa dos filhos.

Mas isso será motivo para outra história.


Ambos seguiram as suas vidas e cada um deles tentou recomeçar de novo com outras pessoas.


O sentimento de fracasso dela teve de ser guardado numa gavetinha e deixado lá. Mas as vezes ela abre a gaveta e volta a sentir aquela sensação de tristeza. Que lhe trás de volta más recordações, mas também muitas boas. Porque casamentos e relacionamentos de anos não são apenas más memórias.

São altos e baixos. E a cada desafio que aparece a frente é preciso fazer os cálculos e ver que caminho seguir. Umas vezes avançamos e outras recuamos e tomamos outro caminho.


E a vida é assim mesmo. Uma sucessão de começos e fins. De recomeços, até se encontrar o caminho certo e finalmente termos paz e a certeza de que não somos um fracasso, apenas somos humanos. Com virtudes e defeitos!!

E temos de aceitar as virtudes e mudar nos defeitos. Fazer a TRANSFORMAÇÃO que nos trás leveza de espirito e tranquilidade.




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